Por que os nerds usam Linux?
Este tipo de pergunta é algo como “Ei, eu espero que você não se importe, mas… por que você é vegetariano?”. Alguns podem não ter resposta, muitos têm muitas razões diferentes, mas vou listar os motivos que eu acho mais do que suficientes para mim, e com a intuição de que também serão os motivos de uma boa parte dos nerds, técnicos e profissionais de informática.Uma boa razão para usar Linux é ter o prazer de dizer que não usa Windows quando alguém lhe pedir para ir a sua casa consertar seu computador e você não saber o motivo do problema. Você pode dizer que não sabe de Windows e não pode consertar. Sempre encontramos um Windows irrecuperável, pirateado, cheio de vírus, adware, malware e tudo o mais, com dados importantes que o usuário não quer perder, mas, naturalmente, não fez cópia, e um monte de aplicativos instalados. Depois deste quadro sombrio, só nos resta dizer: “Desculpe, amigo, não conheço o Windows, eu uso Linux”.
Outra razão pela qual nós usamos Linux é o tempo que podemos investir para aprender Informática. Um dia você aprende quatro comandos de terminal, um dia você aprende como acessar o disco, no outro dia como matar um processo, etc. Ao longo dos anos você percebe que você conheceu um monte de coisas, você é capaz de instalar um servidor web e um servidor de email, você sabe quais são as portas e você sabe como bloquear, desbloquear, você aprende o que é um firewall, e você pode começar a dizer que você sabe como o computador funciona por dentro. No Windows, esse tempo é desperdiçado, com um sistema escuro que não nos permite ver o que está acontecendo, que reage de forma inesperada para as nossas tentativas de consertá-lo, e quando você menos espera não podemos fazer mais nada, e só uma formatação completa do sistema resolve. Tentar aprender com o RegEdit ou o Dr. Watson no Windows é uma tarefa impossível, porque amanhã o Vista ou o Windows 7 virá com novas técnicas que irão mudar completamente o sistema, fazendo ajustes ainda mais ocultos e escondidos. Então você tenta aprender tudo de novo e de novo, gira e gira em torno de um sistema que nunca mostra o que está acontecendo.
Outra razão é, naturalmente, a segurança. Não perco tempo em instalar antivírus no Linux, antimalware, antispyware e anti-tudo. Nosso sistema não consome recursos extras para analisar todos os pacotes que viajam através da placa de rede. Nosso sistema permite uma melhor utilização da largura de banda, melhor navegação na Internet e está livre de vírus sem antivírus. Existem 6 milhões de vírus catalogados para Windows, contra mil para Linux. As distribuições já saem vacinadas. E quando é lançado um vírus para Linux, maldosamente, horas depois todas as distribuições já estão vacinadas. Aquilo que para alguns pode ser um recurso interessante, para mim é motivo mais do que suficiente para escolher o Linux, já que eu gasto 80% do tempo a navegar na Internet ou usar aplicativos online, com a garantia de que tudo está funcionando corretamente, sem ferramentas de sistema ANTI-TUDO sugando os recursos da minha máquina para protegê-la demais. Sem dúvida o Linux é o ideal para navegar na Internet, e não devemos esquecer que muitos usuários compram um computador apenas para se conectar à Internet.
Linux é mais compatível. Esta declaração, que a priori parece estranha, é explicada quando você conhece o Linux e conhece os formatos de arquivos padrão, e também aqueles que são livres. Primeiro, por que no Linux o Open Office abre todos os arquivos, como o DOC e DOCX do Windows, mas o Office do Windows não abre ODF, que é um formato aprovado pela norma internacional ISO durante anos? Comece a ver como existem formatos de arquivos livres para quase tudo, desde o desenho vetorial, música, imagens, textos, documentos… e todos os formatos livres são incompatíveis no Windows, especialmente em ferramentas da Microsoft, sendo comumente utilizados em outros sistemas operativos e em uma infinidade de ferramentas.
Portanto, é incompatível o Windows, e não o Linux. O Windows só suporta formatos proprietários e bloqueia formatos livres para se tornarem incompatíveis. É inaceitável que, após 10 anos de existência do OGG, arquivos como uma alternativa livre para o formato MP3 proprietário, você não é capaz de abrí-lo no Windows Vista. A Microsoft não teve tempo para incorporar o codec livre durante todos esses anos? O mesmo acontece com o SVG, o ODF, o PDF e uma grande coleção de arquivos que o Windows ainda se esforça para bloquear. Vemos também que o Linux pode ler e gravar em discos rígidos FAT16, FAT32 e NTFS do Windows, enquanto o Windows só pode ler discos de Windows.
Outro motivo que nos convida a usar o Linux é a grande atividade que existe na rede. Usuários que percebem as grandes vantagens do software livre, que não ficam à mercê das grandes empresas, se tornam muito ativos na rede tentando ajudar outros usuários que começam com software livre, resolvendo dúvidas e problemas, outros usuários estão participando de fóruns, escrevem blogs, etc. Assim, este grande banco de dados de conhecimento que é a rede só cresce para compensar qualquer falta de meios no momento da programação de aplicações. Usar o Linux faz você se sentir parte de uma comunidade ativa, de apoio, envolvidos e informados, faz você se sentir orgulhoso de pertencer a um grupo de abnegados e comprometidos com o desenvolvimento sustentável da Internet e da computação em geral. Ser um usuário Linux faz você se sentir bem.
Com Linux não se tem surpresas. Uma vez funcionando nossa placa de TV, o nosso scanner ou modem, já está funcionando para sempre. Com Linux não se tem surpresas onde um dia pára de funcionar este ou aquele elemento, ou de repente, sem motivo aparente, acontecem “coisas estranhas” ou falhas, ou o que funcionou ontem, não funciona hoje, sem tocar em nada. Essas coisas são do Windows. Linux é robusto e, quando tocamos em um arquivo de configuração, se algo pára de funcionar, você consegue recuperar o arquivo de configuração para deixar como estava. Nada fica quebrado. Tudo isso nos convida a tornarmos empenhados em aprender enquanto outros nos recomendam alterar configurações em blogs e tentar, e quando fazemos isso não paramos de adaptar o Linux para o nosso gosto pessoal. Ou seja, pode ser reconfortante resolver em minutos o inesperado e ter sempre o nosso Linux 100% e sem telas azuis.
Com Linux perdemos menos tempo. No Windows, você perde muito tempo para fazer determinadas tarefas. Como muitas vezes precisamos de ferramentas que podem ser encontradas na rede, instalamos, testamos, se não faz o que precisamos, desinstalamos e continuamos tentando. Quando a ferramenta de que precisamos não faz o que queremos porque é uma demonstração, temos de encontrar um crack e rezar para que funcione. Depois de feito tudo isso, nós cumprimos o nosso objetivo, mas temos depois que remover todo o lixo que instalamos, rezando sempre para que nosso sistema não fique cheio de malwares. No Linux, muitas vezes o que precisamos é feito com um par de comandos que estão em um blog. Um para fazer o download da ferramenta e o outro para fazer o trabalho que nós queremos. Além disso, nada é pirata, tudo é livre. Podemos deixar no computador de forma pacífica para o caso de precisar novamente no futuro.
No Windows também perdemos muito tempo reiniciando. É incrível como muitas vezes você tem que reiniciar o Windows, não só quando você instala qualquer coisa, mas também quando você acha que algo está errado, ou quando um aplicativo pára de responder. Além disso, a instalação de aplicativos é lenta e muitas vezes elas têm mais funcionalidades do que precisamos. No Windows você se acostuma a usar megasuites completas de funções para executar tarefas simples. No Linux, as ferramentas são instaladas em segundos e na maioria das vezes fazem o que precisamos, de maneira fácil, com menus intuitivos, devido um extremo esforço colaborativo de muitas pessoas com excelente eficiência.
O Linux é executado de forma mais suave. Depois de um tempo usando o Linux, quando você perder o medo e quando você parar para fazer uma pausa inconsciente ao mover arquivos ou fazer determinadas tarefas, percebemos que o Linux roda muito mais suave. Não apenas na manipulação de arquivos e aplicações em simultâneo, mas em tudo. Linux sempre responde ao que dizemos, mesmo quando o cursor mostra o estado de espera. Após este tempo, quando voltamos para o Windows percebemos que o sistema operacional é totalmente pesado e chato com o usuário.
O Linux também se comporta melhor quando temos muitas coisas abertas. Tocador de música, um outro sistema operacional virtualizado, downloads em massa, navegador… com uma percentagem incrivelmente baixa de consumo de CPU. Por outro lado, gostaria também que alguém me explicasse por que o Windows XP roda melhor virtualizado no Linux. Definitivamente, o kernel Linux é mais sofisticado e lida com multitarefas muito melhor.
Linux não incomoda. Quando nos tornamos usuários avançados de PC, ficamos extremamente chateados quando a máquina resolve nos dizer o que fazer. Se você escolher “reiniciar mais tarde”, é apenas isso, queremos reiniciar mais tarde. Nós não queremos que uma aplicação esteja constantemente nos lembrando que temos de reiniciar pois sabemos que temos que reiniciar.
Também não gostamos de instalar um mensageiro, que instala 500 funcionalidades, anúncios, guias de comunicação com outras aplicações web e outras coisas que fazem o seu computador parecer ter vida própria só para enviar uma linha de mensagem para um amigo. É irritante quando o SO decide por nós, é ruim não poder desinstalar um Messenger antigo, é chato não poder desinstalar o Explorer, ou ao desabilitar as coisas, posteriormente, serem ativadas automaticamente de novo. Queremos o sistema operacional para responder aos nossos cliques e não para si mesmo. Também é irritante um SO estar constantemente nos perguntando se temos a certeza de que nós queremos fazer alguma coisa.
Aplicativos cada vez mais pesados. No Windows, embora você tenha a vantagem de possuir aplicativos mais sofisticados e que fazem um monte de coisas, muitas vezes esses recursos também são um fardo que, longe de ser uma vantagem, são uma séria desvantagem. Será que para redimensionar uma imagem, escrever um email ou enviar uma mensagem instantânea você precisa instalar um aplicativo de 300Mb? Incluir um navegador e uma conexão com bancos de dados ODBC e 200 componentes, conectores e tocadores multimídia, além de publicidade é irritante e ineficaz. Será que todas as aplicações precisam disso tudo para fazer algo tão simples? No Linux temos aplicativos que fazem apenas o que queremos, sem muito peso e sem muitas frescuras. Isso não significa que o Linux não pode fazer tarefas complexas, uma vez que existem aplicativos para todos os gostos.
No Linux, os dados não ficam obsoletos. Aqueles que usaram Windows durante anos têm visto que diversas ferramentas se tornam obsoletas. Hoje, muitas empresas ainda sofrem com este problema, pois a empresa dona do sistema, de código fechado, decide suspender a aplicação e ainda cobra fortunas para migração de dados. No Linux isso não acontece, não só porque o código-fonte do aplicativo é público, mas também porque no Linux usamos formatos abertos que permitem que os dados facilmente migrem para aplicações mais modernas. No Linux não existem empresas interessadas em fazer com que a sua versão fique desatualizada para ganhar mais dinheiro na atualização.
Artigo de Helbert Rocha
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