Ao mesmo tempo em que é considerado um gênio por conseguir invadir diversos sistemas financeiros pela internet, o jovem João Sperandio Neto, de Bragança Paulista, no interior de São Paulo, também é visto pela própria família como ingênuo e até burro. Ele é investigado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público acusado de desviar milhões em dinheiro de bancos, empresas e universidades ao longo dos seus 24 anos de vida. Preso em São Paulo desde 3 de junho por suspeita de tentar extorquir uma instituição bancária com sede na Avenida Paulista, um dos mais perigosos hackers do país não sabe, por exemplo, ver as horas em um relógio com ponteiros.
“O conceito de inteligência é complexo. O cara pode ter capacidade de resolver problemas, mas não tem outras habilidades”, afirmou ao G1 o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, que atendeu Neto em seu consultório na capital paulista em 2006. “Ele sabia programar, mas não sabia ver horas, por exemplo. Essa coisa da inteligência é relativa.”
Por isso, o médico havia solicitado ao paciente, naquela ocasião, que ele passasse por alguns exames. “Eu tinha recomendado para ele um exame neuropsicológico. Essa foi a suspeita que eu tinha feito para ele: transtorno de déficit de atenção de hiperatividade. É um transtorno comum em crianças e adolescentes."
Gênio e ingênuo
“Não sei explicar porquê, mas ele [Neto] não sabe ver horas de relógio de ponteiro”, afirmou a mãe do universitário, a vendedora Denise Aparecida de Almeida Sperandio. Por isso, seu filho prefere relógios digitais para saber da hora - algo que não terá no Centro de Detenção Provisória 4 de Pinheiros, na Zona Oeste da capital paulista. Antes de ser detido, chegava a ficar 30 horas seguidas, em média, em frente ao computador. Ganhou o primeiro aos 12 anos de idade.
“Ele é um gênio, mas é um 'gênio burro'. Às vezes, acho que ele não é inteligente, mas apenas esperto. Ele sabe tudo de lógica, mas não sabe fazer outras coisas”, completou o pai dele, o empresário João Sperandio Júnior, de 48 anos. Em depoimento à polícia, Neto admitiu ter se infiltrado ilegalmente na rede de segurança do banco e obtido dados sigilosos de clientes, mas negou a extorsão. “Não estamos aqui falando de nenhum santinho, mas ele não é criminoso. É um moleque e é inocente desta acusação.”
“O indiciado (...) alega que pretendia apenas ser contratado profissionalmente e para tanto tratou de demonstrar, mesmo ilicitamente, a falha do sistema”, diz o boletim de ocorrência registrado pela Delegacia de Repressão a Delitos cometidos por Meios Eletrônicos do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic).
Encontro de negócios
Neto foi preso após ter seu correio eletrônico e telefonemas rastreados e monitorados pela polícia. De acordo com a investigação, ele enviou e-mails com ameaças a diretores do banco exigindo US$ 500 mil (cerca de R$ 920 mil) para não desviar US$ 2 milhões (R$ 3,6 milhões) das suas contas. O jovem chegou a marcar um encontro para tratar do assunto com os representantes do banco no Centro da capital, onde foi preso.
“Ele foi a uma reunião de negócios com o banco. Ele só errou a forma [de fazer o contato] porque é moleque. Soube que meu filho se infiltrou no sistema de segurança do banco, mas não praticou extorsão. Ele quis mostrar que o sistema era falho e quis oferecer uma solução, apresentar um projeto. Em nenhum momento ele pediu dinheiro para usar de maneira errada. Ele deixou claro: ‘Olha, eu quero negociar um contrato’”, declarou o pai de Neto.
O G1 teve acesso aos três e-mails encaminhados ao banco. Neto afirmou ter enviado somente um deles, com o pseudônimo de John Link, no qual informa a falha no sistema de segurança da empresa e oferece seus serviços. O acusado negou que seja autor dos outros dois textos, que são assinados por Lino Mark e cobram dinheiro em troca de impedir que hackers façam transações financeiras ilegais para retirar milhões da instituição.
Segundo os pais do acusado, um primo de Neto, que mora no interior, foi quem enviou um e-mail tentando extorquir dinheiro do banco. A delegada Catarina de Sena Buque, do Deic, investiga a participação desse parente.
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“O conceito de inteligência é complexo. O cara pode ter capacidade de resolver problemas, mas não tem outras habilidades”, afirmou ao G1 o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, que atendeu Neto em seu consultório na capital paulista em 2006. “Ele sabia programar, mas não sabia ver horas, por exemplo. Essa coisa da inteligência é relativa.”
Por isso, o médico havia solicitado ao paciente, naquela ocasião, que ele passasse por alguns exames. “Eu tinha recomendado para ele um exame neuropsicológico. Essa foi a suspeita que eu tinha feito para ele: transtorno de déficit de atenção de hiperatividade. É um transtorno comum em crianças e adolescentes."
Gênio e ingênuo
“Não sei explicar porquê, mas ele [Neto] não sabe ver horas de relógio de ponteiro”, afirmou a mãe do universitário, a vendedora Denise Aparecida de Almeida Sperandio. Por isso, seu filho prefere relógios digitais para saber da hora - algo que não terá no Centro de Detenção Provisória 4 de Pinheiros, na Zona Oeste da capital paulista. Antes de ser detido, chegava a ficar 30 horas seguidas, em média, em frente ao computador. Ganhou o primeiro aos 12 anos de idade.
“Ele é um gênio, mas é um 'gênio burro'. Às vezes, acho que ele não é inteligente, mas apenas esperto. Ele sabe tudo de lógica, mas não sabe fazer outras coisas”, completou o pai dele, o empresário João Sperandio Júnior, de 48 anos. Em depoimento à polícia, Neto admitiu ter se infiltrado ilegalmente na rede de segurança do banco e obtido dados sigilosos de clientes, mas negou a extorsão. “Não estamos aqui falando de nenhum santinho, mas ele não é criminoso. É um moleque e é inocente desta acusação.”
“O indiciado (...) alega que pretendia apenas ser contratado profissionalmente e para tanto tratou de demonstrar, mesmo ilicitamente, a falha do sistema”, diz o boletim de ocorrência registrado pela Delegacia de Repressão a Delitos cometidos por Meios Eletrônicos do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic).
Encontro de negócios
Neto foi preso após ter seu correio eletrônico e telefonemas rastreados e monitorados pela polícia. De acordo com a investigação, ele enviou e-mails com ameaças a diretores do banco exigindo US$ 500 mil (cerca de R$ 920 mil) para não desviar US$ 2 milhões (R$ 3,6 milhões) das suas contas. O jovem chegou a marcar um encontro para tratar do assunto com os representantes do banco no Centro da capital, onde foi preso.
“Ele foi a uma reunião de negócios com o banco. Ele só errou a forma [de fazer o contato] porque é moleque. Soube que meu filho se infiltrou no sistema de segurança do banco, mas não praticou extorsão. Ele quis mostrar que o sistema era falho e quis oferecer uma solução, apresentar um projeto. Em nenhum momento ele pediu dinheiro para usar de maneira errada. Ele deixou claro: ‘Olha, eu quero negociar um contrato’”, declarou o pai de Neto.
O G1 teve acesso aos três e-mails encaminhados ao banco. Neto afirmou ter enviado somente um deles, com o pseudônimo de John Link, no qual informa a falha no sistema de segurança da empresa e oferece seus serviços. O acusado negou que seja autor dos outros dois textos, que são assinados por Lino Mark e cobram dinheiro em troca de impedir que hackers façam transações financeiras ilegais para retirar milhões da instituição.
Segundo os pais do acusado, um primo de Neto, que mora no interior, foi quem enviou um e-mail tentando extorquir dinheiro do banco. A delegada Catarina de Sena Buque, do Deic, investiga a participação desse parente.
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