VARIAÇÃO SOBRE UM MESMO TEMA:
A CAPTURA DO CARTÃO
A criação de uma sensação de confiança não exige necessariamente uma série de ligações telefônicas
com a vítima, como sugere a história anterior. Lembro-me de um incidente que presenciei no qual
foram necessários apenas cinco minutos.
Surpresa, papai!
Certa vez eu estava em um restaurante com Henry e seu pai. Durante a conversa, Henry repreendeu
o pai por dar o número do seu cartão de crédito como quem dá o número do telefone. "É claro que
você tem de dar o número do seu cartão quando compra alguma coisa", ele dizia. "Mas dá-lo em
uma loja que arquiva o seu número em seus registros — isso é burrice."
"O único lugar em que faço isso é na Studio Video", disse o Sr Conklin, referindo-se à mesma
cadeia de locadoras de vídeo. "Mas verifico a minha fatura todos os meses. Eu percebo se eles começarem
a aumentar a conta."
"É claro", salientou Henry, "mas depois que eles têm o seu número, qualquer pessoa pode
roubá-lo".
"Você se refere a um funcionário desonesto?"
"Não, qualquer pessoa e não apenas um funcionário."
"Você está dizendo bobagens", retrucou o Sr. Conklin.
"Posso ligar agora mesmo e fazer com que eles me dêem o número do seu cartão Visa", respondeu
Henry.
"Não, você não pode", afirmou o pai.
"Posso fazer isso em cinco minutos, bem na sua frente sem nem ter de sair da mesa."
O Sr. Conklin olhou firme, o olhar de alguém que se sentia seguro, mas que não queria mostrar
isso. "Digo que você não sabe do que está falando", desafiou, tirando do bolso a carteira e jogando
uma nota de 50 dólares na mesa. "Se fizer o que está dizendo, o dinheiro é seu."
"Não quero o seu dinheiro pai", disse Henry.
Ele pegou o telefone celular, perguntou ao pai qual era a loja e ligou para o Auxílio à Lista pedindo
o número do telefone e também o número da loja na região de Sherman Oaks.
Em seguida, ligou para a loja de Sherman Oaks. Usando mais ou menos a mesma abordagem
descrita na história anterior, ele rapidamente conseguiu o nome do gerente e o número da loja.
Ligou para a loja na qual o seu pai tinha a conta. Ele usou o velho truque de se fazer passar pelo
gerente, deu o nome do gerente como o seu próprio e o número da loja que havia obtido.
Tomou a usar o mesmo truque: "Os seus computadores estão funcionando hoje? Os nossos às vezes funcionam,
às vezes não." Ouviu a resposta e continuou: "Bem, tenho um dos seus clientes aqui comigo e
ele quer alugar um vídeo, mas os nossos computadores estão fora do ar agora. Preciso ver a conta do
cliente e ter certeza de que ele é um cliente da sua loja."
Henry deu o nome do seu pai. Em seguida, usando apenas uma pequena variação da técnica,
pediu para ela ler as informações da conta: endereço, número de telefone e a data em que a conta foi
aberta. Depois disse: "Ouça, estou com uma fila enorme de clientes aqui. Qual é o número do cartão
de crédito e a data de vencimento?"
Henry segurou o celular no ouvido com uma mão e com a outra escreveu em um guardanapo de
papel. Ao terminar a ligação, ele colocou o guardanapo na frente do pai, que ficou olhando para o
número de boca aberta. O pobre senhor parecia totalmente chocado, como se todo o seu sistema de
confiança tivesse ido por água abaixo.
Analisando a trapaça
Pense na sua própria atitude quando alguém que você não conhece pede alguma coisa. Se um
pobre bate à sua porta, você provavelmente não o deixa entrar; se um estranho bem vestido
bater à porta, de sapatos brilhantes, cabelo bem penteado, bons modos e um sorriso, você provavelmente
terá menos suspeitas. Talvez ele seja o Jason do filme Sexta-Feira 13, mas você está
disposto a confiar naquela pessoa, desde que ela tenha uma aparência normal e não tenha uma
faca na mão.
Á questão menos óbvia é que julgamos as pessoas da mesma forma pelo telefone. Essa pessoa
dá a impressão de estar tentando me vender alguma coisa? Ele é amistoso e aberto ou sinto algum
tipo de hostilidade ou pressão? Ele tem o discurso adequado para uma pessoa educada? Julgamos
essas coisas e talvez mais uma dezena de outras inconscientemente em um relance, quase sempre nos
primeiros momentos da conversação.
Recado do
Mitnick
É da natureza humana achar que é improvável que você seja enganado em determinada
transação, pelo menos até que tenha algum motivo para acreditar no contrário,
Nós ponderamos o risco e, em seguida, na maior parte das vezes, damos às pessoas
o benefício da dúvida. Esse é o comportamento natural das pessoas civilizadas... pelo
menos as pessoas civilizadas que nunca foram enganadas, manipuladas ou trapaceadas
em uma soma grande em dinheiro. Quando éramos crianças, nossos pais nos
ensinavam a não confiar em estranhos. Talvez todos devêssemos adotar esse antigo
princípio no ambiente de trabalho de hoje.
No trabalho, as pessoas nos solicitam coisas o tempo todo. Você tem o endereço de e-mail
desta pessoa? Onde está a última versão da lista de clientes? Quem é o subcontratado desta parte
do projeto? Por favor, me envie a atualização mais recente do projeto. Preciso da versão nova do
código-fonte.
E adivinhe o que acontece? Às vezes as pessoas que fazem essas solicitações são aqueles que
você não conhece pessoalmente, gente que trabalha em outra parte da empresa ou que alega trabalhar.
Mas se as informações que dão coincidem e parecem ter o conhecimento ("Marianne disse...", "Isso
Isso é para apenas ter uma noção de como as coisas funcionão.
FONTE: LIVRO (A ARTE DE ENGANAR )
A CAPTURA DO CARTÃO
A criação de uma sensação de confiança não exige necessariamente uma série de ligações telefônicas
com a vítima, como sugere a história anterior. Lembro-me de um incidente que presenciei no qual
foram necessários apenas cinco minutos.
Surpresa, papai!
Certa vez eu estava em um restaurante com Henry e seu pai. Durante a conversa, Henry repreendeu
o pai por dar o número do seu cartão de crédito como quem dá o número do telefone. "É claro que
você tem de dar o número do seu cartão quando compra alguma coisa", ele dizia. "Mas dá-lo em
uma loja que arquiva o seu número em seus registros — isso é burrice."
"O único lugar em que faço isso é na Studio Video", disse o Sr Conklin, referindo-se à mesma
cadeia de locadoras de vídeo. "Mas verifico a minha fatura todos os meses. Eu percebo se eles começarem
a aumentar a conta."
"É claro", salientou Henry, "mas depois que eles têm o seu número, qualquer pessoa pode
roubá-lo".
"Você se refere a um funcionário desonesto?"
"Não, qualquer pessoa e não apenas um funcionário."
"Você está dizendo bobagens", retrucou o Sr. Conklin.
"Posso ligar agora mesmo e fazer com que eles me dêem o número do seu cartão Visa", respondeu
Henry.
"Não, você não pode", afirmou o pai.
"Posso fazer isso em cinco minutos, bem na sua frente sem nem ter de sair da mesa."
O Sr. Conklin olhou firme, o olhar de alguém que se sentia seguro, mas que não queria mostrar
isso. "Digo que você não sabe do que está falando", desafiou, tirando do bolso a carteira e jogando
uma nota de 50 dólares na mesa. "Se fizer o que está dizendo, o dinheiro é seu."
"Não quero o seu dinheiro pai", disse Henry.
Ele pegou o telefone celular, perguntou ao pai qual era a loja e ligou para o Auxílio à Lista pedindo
o número do telefone e também o número da loja na região de Sherman Oaks.
Em seguida, ligou para a loja de Sherman Oaks. Usando mais ou menos a mesma abordagem
descrita na história anterior, ele rapidamente conseguiu o nome do gerente e o número da loja.
Ligou para a loja na qual o seu pai tinha a conta. Ele usou o velho truque de se fazer passar pelo
gerente, deu o nome do gerente como o seu próprio e o número da loja que havia obtido.
Tomou a usar o mesmo truque: "Os seus computadores estão funcionando hoje? Os nossos às vezes funcionam,
às vezes não." Ouviu a resposta e continuou: "Bem, tenho um dos seus clientes aqui comigo e
ele quer alugar um vídeo, mas os nossos computadores estão fora do ar agora. Preciso ver a conta do
cliente e ter certeza de que ele é um cliente da sua loja."
Henry deu o nome do seu pai. Em seguida, usando apenas uma pequena variação da técnica,
pediu para ela ler as informações da conta: endereço, número de telefone e a data em que a conta foi
aberta. Depois disse: "Ouça, estou com uma fila enorme de clientes aqui. Qual é o número do cartão
de crédito e a data de vencimento?"
Henry segurou o celular no ouvido com uma mão e com a outra escreveu em um guardanapo de
papel. Ao terminar a ligação, ele colocou o guardanapo na frente do pai, que ficou olhando para o
número de boca aberta. O pobre senhor parecia totalmente chocado, como se todo o seu sistema de
confiança tivesse ido por água abaixo.
Analisando a trapaça
Pense na sua própria atitude quando alguém que você não conhece pede alguma coisa. Se um
pobre bate à sua porta, você provavelmente não o deixa entrar; se um estranho bem vestido
bater à porta, de sapatos brilhantes, cabelo bem penteado, bons modos e um sorriso, você provavelmente
terá menos suspeitas. Talvez ele seja o Jason do filme Sexta-Feira 13, mas você está
disposto a confiar naquela pessoa, desde que ela tenha uma aparência normal e não tenha uma
faca na mão.
Á questão menos óbvia é que julgamos as pessoas da mesma forma pelo telefone. Essa pessoa
dá a impressão de estar tentando me vender alguma coisa? Ele é amistoso e aberto ou sinto algum
tipo de hostilidade ou pressão? Ele tem o discurso adequado para uma pessoa educada? Julgamos
essas coisas e talvez mais uma dezena de outras inconscientemente em um relance, quase sempre nos
primeiros momentos da conversação.
Recado do
Mitnick
É da natureza humana achar que é improvável que você seja enganado em determinada
transação, pelo menos até que tenha algum motivo para acreditar no contrário,
Nós ponderamos o risco e, em seguida, na maior parte das vezes, damos às pessoas
o benefício da dúvida. Esse é o comportamento natural das pessoas civilizadas... pelo
menos as pessoas civilizadas que nunca foram enganadas, manipuladas ou trapaceadas
em uma soma grande em dinheiro. Quando éramos crianças, nossos pais nos
ensinavam a não confiar em estranhos. Talvez todos devêssemos adotar esse antigo
princípio no ambiente de trabalho de hoje.
No trabalho, as pessoas nos solicitam coisas o tempo todo. Você tem o endereço de e-mail
desta pessoa? Onde está a última versão da lista de clientes? Quem é o subcontratado desta parte
do projeto? Por favor, me envie a atualização mais recente do projeto. Preciso da versão nova do
código-fonte.
E adivinhe o que acontece? Às vezes as pessoas que fazem essas solicitações são aqueles que
você não conhece pessoalmente, gente que trabalha em outra parte da empresa ou que alega trabalhar.
Mas se as informações que dão coincidem e parecem ter o conhecimento ("Marianne disse...", "Isso
Isso é para apenas ter uma noção de como as coisas funcionão.
FONTE: LIVRO (A ARTE DE ENGANAR )
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